Não quero tentar de novo. Aliás, recuso-me a tal… Não quero voltar a ter ilusões, não quero reacreditar de novo que o que é para mim está guardado. Quero ficar contigo, contra tudo, contra o tempo, contra todos e contra o espaço. Não percebes que se for para casar é contigo? Que se não fores tu, eu nunca serei uma mãe realizada? Porra, pareces um burro que só vê na direção frontal. Porque não és tão bruto com as barreiras como és no sexo? Porque que não as atiras para o lado, como me atiras a mim para o nosso leito? Acho que até aquele pobre sofá tem saudades nossas, porque ninguém se amou tanto nele como nós. E é incrível, a forma como passas de sexo puro a amor terno. Numa igual velocidade, numa mesma selvajaria …. És tal qual o que eu sempre sonhei. As tuas algemas são inquebráveis porque são mentais, tu prendes-me em ti e nem preciso pedir que me soltes, porque se eu quiser fugir, e eu não quero, sempre retorno até ti.
 Que raio de amor é este? Que me maltrata, me magoa, e me completa como mais nenhuma paixão fugaz o fez? É amor de quem luta diariamente contra sentimentos, de duas pessoas que não acreditam em amor e que se amam feito loucos. É isso que em que me tornas. Louca. Eu sou louca contigo, mas sem ti sou bastante mais. Se quisesses ir embora, já tinhas ido sempre te disse que a porta era o caminho mais fácil. Mas tu vais e vens, porque no fundo não me consegues esquecer. E eu nem quero que me esqueças, quero que voltes sempre. Porque se não voltares eu já não tenho motivo para logo que desperto ver o telemóvel, confirmar se pensaste em mim, se sonhaste comigo e connosco.
Afinal quando é que desistes de nós? Porque eu já te pedi mil vezes para o fazeres, porque me falta a coragem. Sou a mulher da relação, mas nem por isso sou o sexo fraco. Dou-te luta e nunca canso, não fui mais uma a passar pela tua vida. Sou a mais nova e a que mais te chateia, a que mais está na tua cabeça porque eu sei que pensas em mim. E não acredito que me vás esquecer, tão pouco que a tua vida depois de mim seja a calmaria que era.

Eu destabilizo-te. É justo e recíproco, não quero o amor pleno, a pressão constante de uma relação ou compromisso sério. Quero o amor carnal de duas pessoas que não separam o físico do psicológico. De duas pessoas que se querem além fronteiras. E eu sei que vais ficar comigo, que a nossa hora vai chegar, e que vais perceber que não te perdoando os erros e traições eu sou mais mulher e te amo mais do que ela. 

onde Fores Feliz, fica.

     Andas a evitar o que tem de acontecer. O fim. O nosso fim. Não tem nada de confuso ou controverso. Temos de por um ponto assente neste meu amor, já que o teu, se realmente existir, não é suficiente para nos levar em diante. Em tom coloquial peço-te que vás embora, sem olhar para trás. Sem deixar rasto ou porta entreaberta. Vai, e não voltes mais. Não sejas covarde, liberta-te do comodismo, sai da tua zona de conforto para puderes ser feliz. Verdadeiramente feliz. Andas a brincar às relações mas eu já não tenho catorze anos ou inocência para autorizar este tipo de situação. Igualmente as lágrimas já não valem o que valiam há tempos atrás. A dor suporta-se, mais fácil ainda quando se está longe. Os quilómetros eram só um pormenor mas agora tornaram-se os meus melhores amigos.
     Será que vais esquecer-te de mim, como esqueceste a anterior a mim? Ainda que o faças tenho de te agradecer pelo bom que causaste, pelo dia catorze, e pelas palavras honestas que pronunciaste. Quem sabe as únicas em tanto tempo. Será que tens noção que já se passaram nove meses? O tempo de uma nova vida nascer, tempo suficiente de as estações se renovarem, ou de separações intensas acontecerem. E tu, durante nove meses da minha vida, manipulaste sentimentos, emoções, orgulho, distância e afins.
    Poderia gostar de ti por mais um, dois ou dez anos. Podias ser o passo crucial. A decisão última, a mudança e a certeza. Devia ser eu para quem ligavas em dias maus, devia ser em mim que adormecias tranquilamente, dever… Qual dever, não me deves nada. Podias querer, como eu sei que queres mas não tens planos para nós. E eu só posso desejar-te o melhor. Mas longe de mim pois não tens asas para voar comigo, nem terreno firme para eu aterrar e não mais levantar voo. Quanto tempo mais me queres prender em ti? As tuas cordas não são suficientes para alguém que tem ambições, desejos a longo prazo e certezas.  
     Dói-me a alma, que nem a Garrett, mas não pelo amor correspondido ou pelo exótico do ‘nosso amor’. Dói-me a alma e é cansaço acumulado, tentativas a mais, querer demais. Mas eu não sou vítima de amor, sou vítima de sentimentos. Porque eu sinto tudo, sinto muito e sinto sempre. E tu não sabes o que isso é, pois vives com medo, vives preso e eu sou livre.  

    Se algum dia leres isto, espero que tenhas consciência de que me mandaste embora. Que me perdeste porque não me disseste nada. E o teu silêncio matou a minha fé, esperança e o meu amor. Porque de alguma forma isto foi amor. Eu sou amor e tu possuíste o meu amor. Na sua forma mais genuína, dócil e bruta. Eu fui tua e tu não me agarraste.