Carta de sonho*

                “ Um dia todas as estrelas terão um fim, tal como o ciclo natural da vida, e morrerão. O brilho individual de cada uma será uma mínima quase perceptível perda que em conjunto resultará num enorme apagão (…) a lua sentir-se-á sozinha. Vai deixar as leais adjuntas em parte do caminho, não chegarão lado a lado para cortar a meta mas infelizmente é essa a lei. Como calculo que seja irrealizável elas cessarem todas ao mesmo tempo, eu prometo iluminar sempre o teu caminho para que não pises o chão errado, de modo a que a tua queda seja amparada e que os ferimentos sejam ínfimos. Eu vou proteger-te de todos os pretextos que se lembrarem de inventar, vou colocar-te atrás de mim para que o meu corpo mais forte e rijo, preparado para sofrer lesões apadrinhe a tua frágil estatura, para que não quebre nem um único fio do precioso cabelo que tens. Vou amar-te incondicionalmente, vou sussurrar no teu ouvido a tua melodia favorita acompanhada pelo ritmo certo que os meus dedos compõem nas cordas. Vou ver-te sorrir de uma forma tão pura que os meus olhos nem despegarão da tua face perfeita. Mas acima de tudo vou encarregar-me de que a tua felicidade será eternizada, evitando que qualquer espécie de lágrima triste invada os teus cristalinos olhos e vou perpetuar o nosso amor, combatendo contra o esquecimento que futuramente pode apoderar-se de ti, eu vou lutar e prometo vencer.
Um dia quando menos esperares pela rosa ao pé da almofada, ao acordar, ela vai lá estar com duas gotinhas do teu perfume favorito. O papel rasurado pela simples palavra “AMO-TE” estará em letra maiúscula e enorme para que não duvides do tamanho amor que te tenho. O teu retrato será sempre a relíquia pousada na minha mesinha de modo a que adormeço e acordo a olhar para o rosto mais bonito que até hoje presenciei. Vou estar constantemente a surpreender-te e provocar-te as mais diversas situações para que fiques ciente de que eu sou um príncipe. E afinal, não é isto que os príncipes fazem? “ 



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