Diferents ways .

               Mentalmente não és capaz de compreender e aceitar parte das minhas escolhas, metade das minhas atitudes e um quarto dos meus actos.

                Vais perseguir-me eternamente com as questões hipotéticas, com o detestável “Porque?” que me acanha e me deixa, quase que, atrapalhada para puder alvorar um pouco. Eu não fujo, eu só tento esquivar-me de ter de pronunciar frases frias e cínicas que obrigam o meu coração a procriar pequeninas fendas que se alargam, e na sua totalidade formam enormes chagas – incuráveis e impossíveis de tratar.

                Conserva todos os memoriais que te entreguei, os postais carregados de amor e que contêm o meu cheiro – guarda-os a todos, não percas algum e jamais deixes que sejam lidos. Perderão o mistério que contenho, e talvez outrem seja capaz de o desvendar mais facilmente do que tu, que partilhas-te comigo doze meses da tua vida. Que me outorgas-te em mão o sentimento, mas que tempos depois roubas-te. Foste capaz de retirar do meu pulso firme a decisão de ficarmos juntos, para sempre.

                Agora? Não me peças justificações, respostas. Não tentes fundamentar a tua curiosidade, o teu arrependimento ou seja o que for o que sentes aplicando em mim toda a culpa. Pois eu recuso-me a suportar esse peso, recuso-me a especificar o meu nome no papel em que me afirmas culposa de tal acto, de tal erro cometido.