Registos de temperatura*

               Vou expelir toda a minha vontade de injúria e colidir as minhas esperanças no próximo cruzamento. Ou talvez aguarde passar por mero acaso naquele local para lá sepultar o leve do teu beijo.
                Despeço-me da tua voz, sem ter de forçar as cordas vocais; aceno-te só e simples com os meus olhos cor de avelã - esperando que o azul dos teus me retribua qualquer gesto, qualquer frase ou vocábulo sincero. Se não conseguir vencer, não desisto, deixo-me saborear pelo facto de estares presente, de ainda conseguires olhar-me nos olhos depois de tudo, sem dízima de arrependimento. Sento-me no banco sofrendo pelo teu aroma embater em mim e depois? Finjo que não te vejo, entrelaço-me no corredor sabendo que não estás e sabendo que é melhor assim, mas queimando a vontade de te ir buscar. Tudo por causa de ti, por causa do elo invisível que me colocas-te no dedo, da vontade aguçada de me querer por perto.

                Dificuldades diversas surgem ao ter de te avistar, sem constatar a tua respiração enquanto fumas um cigarro, sem lembrar de que “ias cuidar de mim” e sem presenciar o teu riso. Era isso que alimentava o meu dia, poder ter o teu sorriso só para mim e a tua mão associada à minha por livre conexão. Contudo o quente do Verão, arrefeceu no Outono e vai gelar até ao Inverno…e nessa altura vou precisar de uma manta para me proteger do frio, não das tuas mentiras ou do teu aconchego. É um palpite meu, e desta vez suponho que correcto.

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1 comentário:

Joana disse...

Muito obrigada mesmo <3