Domador de corações*

               Estou sob o domínio de um poderoso analgésico, chama-se amor. É extremamente poderoso e dopa a nossa alma de tal forma que já não temos a capacidade de raciocinar irracionalmente.   
Nutre-se de odores, sensações tácteis e gustativas. Do mais pormenorizado toque de lábios ao mais íntimo surgir de desejo. É terno e enlouquece a dor. Consiste em reviver boas memórias e em transfigurar a possessão árdua e mutua de ambos os seres. Causa insónias, suores frios e arrepios na espinha; qualquer que seja a pessoa pela qual alimentamos este sentimento é maioritariamente inválido, ou seja vale de pouco.
                Afirmo que o meu espaço se encontra invadido por ti, pela tua presença diária. Eu confesso que me gelas apenas de contemplar, mas se te aproximas aqueces aquele imenso e ténue lugar.  
                Sou incapaz de dar ouvidos as verdades que percorrem o meu cérebro, eu sei o que és, elas não precisam estar sempre a “bater na mesma tecla”. Foste incorrecto para comigo, foste parvo, bruto e estúpido. Mas o amor também é assim, tudo menos prudente… Eu não te perdoei, nem me esqueci. Eu estou só a tentar controlar a fera solta que anda algures no meu interior, que sem dúvida alguma és o único capaz de domar. 


2 comentários:

Colete Faure disse...

quando se deposita o coração na escrita o resultado é belo, aqui está a prova.

ana sofia * disse...

Obrigada pelas palavras, gestos e tudo o que me dás diariamente.
AMO-TE <3