Quem não sofre, não cresce *

           Um dia todos descobrem a dor, derramando assim lágrimas de saudade.

É engraçado como hoje encaro o passado com dúvida, com o porquê e para quê as lágrimas derramadas por pessoas que simplesmente decidem abandonar o nosso trilho, quando outras pelo contrário nos são 'repentinamente roubadas' pelo destino, sem volta a dar. Não devemos, mas acima de tudo não podemos desistir e encarar a desistência como um acto de coragem. Sejam as situações que somos sujeitos diariamente do grau de dificuldade que forem, ao virar da rua existe alguém lutando e dando tudo pela vida - contra doenças temíveis, por vezes incuráveis. Pessoa que mantêm um sorriso esperançoso, aguardando o triste ‘arrefecer de pele' sentindo a última batida do coração. Embora dolorosas, sejam todas as perdas, algo a encontrar que nos dê o alento e a vontade se seguir em frente há-de sempre existir.

       Eu não posso negar que sinto falta de pessoas que perdi no caminho, sendo ou não culpa minha. Mas ainda assim sinto-me lisonjeada pela maturidade que hoje porto. Pelas lições que retirei de cada choro, de cada 'tentativa imprudente e infantil de desistência. Hoje já não quero "ser como toda gente", aprendi a gostar de mim. Isso mesmo, tudo se treina na vida; aprender é a palavra-chave no meu ponto de vista. Tenho força, e amor por mim. Pelo que sou, fiz, e aprendi. Também pelo que me ensinaram, nunca desvalorizando quem o fez. Contudo a dependência que sentia necessidade face a quem me rodeava desapareceu, e isso fez-me perceber o que sou sem influências. E não, hoje não há nenhum carácter que obstrua o que sinto por mim. Gostar de mim é uma vitória conseguida. E, em cada um há uma história repercutida cada traço do que somos é reflexo de uma cicatriz.