Bu ta fazen sonha *

          Vais ligar-me esta noite, ou preferes adormecer-me em braços? É uma questão de segurança, protege a tua princesa. Aconchega-a nas noites frias, com o cobertor polar, ou o teu calor humano. A tua respiração ofegante e gélida mutuamente, aquece o meu corpo. Causa-me arrepios da cabeça aos pés… É tão bonito, aquilo que sustemos. Pois que ninguém imagina, as brincadeiras que as quatro paredes do teu quarto guardam; às quais foram espectadoras, fiéis assistentes… Queres uma foto, agora? Mas porque agora? Porque tenho toda a maquilhagem borratada? Ou porque desarrumaste todo o meu cabelo? Se calhar, é só porque gostas de mim ainda que eu me ache horrível, feia, mal-arranjada. E eu, eu não consigo não fascinar-me com o teu sorriso, com os teus olhos e com a tua voz doce, baixo tom e com aquele sotaque. Não, não paro de pensar nos teus braços envolvendo-me.

  Se por um acaso pensares que não adormeço a pensar em ti esquece isso, acasos não existem. Para tudo na vida há um lugar, uma explicação lógica, racional ou que prefiram denomina-la. Para cada luar, uma interpretação. Para cada flor, uma pretensão: pode fazer parte do bouquet da noiva, simbolizando o começo, ou pode ser colocado num jazigo por um pobre homem que sente falta da sua cara-metade, a qual já teve o ‘fim’ comum a todos nós, mas que o protege do outro lado da vida. Entendes? Penso que seja uma questão pessoal, aquilo que vemos como um acontecimento na nossa vida. Mas aí, começo a divagar, e sinto o teu cheiro na almofada, na roupa, de leve nos lábios… E perco-me em sonhos, sem me encontrar. E espero que na manhã seguinte, me ligues para me acordar do sono em que me induziste na noite anterior… e para que o ciclo se repita, diariamente. Que se torne uma rotina sabes? Que o teu perfume seja o meu medicamento, que a tua cama seja o meu leito, e os teus lábios … bem que esses lábios, tão bem desenhados, e irresistíveis se tornem o meu “café da manhã”, como dizem os que adaptam a nossa língua.