Tenho o coração deserto. Deserto de
sentimento, perfurado de flechas, traições, mágoas e lembranças. Está tão seco
quanto a imensa areia do Sarah… E todo o seu conteúdo é uma miragem, um oásis
que talvez eu não busque mais, no qual eu já nem creio. Faço tudo para não
falhar, demonstro o meu lado mais honesto para com as pessoas que acabam por só
me ferir, me deixar em lágrimas sentindo-me uma autêntica inútil. Vazia,
sinto-me vazia. Se de repente me tiraram o chão, em instantes tudo o que eu
tinha como seguro tornou-se uma patética história em que a rotina virou ilusão.
E eu não lhes falhei, não a elas para quem dei tudo… Depois do meu primeiro “para
sempre” perdido, as ‘minhas forever’ voaram igualmente. Pois daqui em diante eu
já não tornarei a dar a alguém, a partilhar com alguém tudo o que vivemos juntas….
Serei eu por mim. Eu comigo e eu para mim, talvez desse jeito já não volte a
bater de frente com as portas que me fecham bem na ponta do nariz.
Pratico o desapego doravante, e
sentimentos já não sentimentos. Já perdi todas as hipóteses de marcar cesto,
prefiro sempre passar o ponto, atrasa-lo por medo de o falhar. E com medo de
falhar já fracassei, até esgotar, eu já esgotei as chances de o meu coração ter
sido bem tratado quiçá por meras coincidências… porque quem eu escolho para
cuidar dele, só completa as fendas, só me acomoda o interesse que me despertam
para depois cavalgarem a passo largo bem largo daí pra fora. Asnos.
Insensíveis. Quebra-corações.
Tenho a noção absoluta, concreta, abstracta
que ninguém que isto leia a minha dor sinta. A minha perda compense. O meu
vazio imagine. Mas é isso que me dá força para continuar, que as pessoas sempre
me julguem invencível, inquebrável, de ferro.
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