Gostava de saber como estás, se pensas em mim cada vez que deitas na cama, se recordas os poucos afectos que me deste. Gostava de te dizer que lamento, mas não lamento. Eu segui o meu instinto animal que acabou por deixar tudo do avesso. É, por tua causa deste lado está tudo do avesso. Perguntas sem resposta, supérfluas ilusões. Mil e uma vezes que te disse que te quero, deste lado os objetivos são o mais pessoal, isentos e transparentes de sentimento possíveis. Não há segredos, nem mentiras. Não foi isso que me pediste? Mil e uma vezes obtive silêncios. E os silêncios também são respostas, como alguém me disse um dia ‘o silêncio é uma arma mortal’. E mata mesmo. Não como uma bala que para o batimento cardíaco, ou como um veneno que degola a respiração, que afoga e abranda a respiração.
   
  Desculpa. De seres inútil e orgulhoso ao extremo para não falar-me do que sentes. Desde já peço desculpa pela falta que um dia sentirás, porque serei eu a faltar-te … Aí faz como fazes agora. Abraça-te ao orgulho, acarinha as que te desejam e satisfazes fisicamente pois muito poucas dar-te-ão o que eu dei. Poucas, ou nenhuma esperará por ti ou ficará calada quando o teu mau feitio se fizer sentir.
    
    Os nossos demónios compreendem-se, e eu escrevo para ninguém. Escrevo para mim, para conseguir exteriorizar o que me neguei a fazer pelo líquido composto de água e sais minerais. Há dias em que gostava que soubesses que só tu podes melhorar o meu dia. Que uma só palavra tua me dá alento, alivia essa vontade de correr, ou voar para aí. Eu sei onde quero chegar, mas não quero chegar sozinha. E isso só dependia de nós... E faz muito tempo que não refiro este pronome pessoal. NÓS. Sei que és diferente, à tua maneira desajeitada. Essa diferença preenche-me. Queria que desse tudo certo, todos aqueles sonhos em que estas comigo.  Queria que soubesses que a minha única meta és tu. E não importa o caminho, a distância, os obstáculos, os caminhos difíceis. Talvez acabe por não chegar à meta, mas não porque sou incapaz ou desisti mas porque me afastas, porque foste o caminho que me escolheu e que agora me larga…. 


   Perguntam-me porque que insisto em pessoas como tu, e a minha resposta mais secreta é que gostava de tocar-te no coração. Gostava que na tua infinda lista telefónica eu fosse ‘aquela’. Que cada vez que não recebes notícias minhas ficasses a pensar onde estou e como estou, e me procurasses. Mas não. Isso, como disse já, são supérfluas ilusões. ‘’Coisas da minha cabeça’’ em bom português. Nós não estamos, nem vamos ficar juntos. Porque tu não quiseste, e porque agora já chega de pensar só em ti.  

   
   Só não te esqueças de mim, eu vou ficar bem sem ti. E lembra-te de que quando não me encontrares mais aqui, à tua espera, a qualquer hora, lembra-te de procurar-me em todas as oportunidades em que me desperdiçaste. Em cada uma que me disseste ‘txau’. Porque vou estar perdida, e um dia vais perceber não perdeste ‘só mais uma conquista’, podes ter perdido a pessoa que iria inventar uma igreja para ti, a pessoa que iria atrás dos teus sonhos contigo, a pessoa que quis dar-te estabilidade e em troca só te pediu verdade, e oportunidade de…


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